FORO DE SÃO PAULO - por Anatoli Oliynik
19ª Conferência do Partido Comunista da União Soviética.
Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da “PERESTROIKA” de Mikhail
Gorbachev, e já se vislumbrava a eminente queda do Muro de Berlim, o que de
fato aconteceu em 9/11/1989.
Com a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do
comunismo pela União Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas
perderam seu tutor financeiro e ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto,
articular a criação de um organismo que pudesse manter viva a “chama ideológica
marxista-leninista”, bem como orientar e coordenar as suas ações comunistas no
Continente.
Antes, porém, em janeiro de 1989, em Havana, por ocasião da
reunião de cúpula do Partido Comunista de Cuba e o PT do Brasil foi
estabelecido que, se Lula não ganhasse as eleições em novembro de 1989, deveria
ser formada uma organização para coordenar as ações de toda a esquerda
continental e que a liderança e organização do processo caberia a Luiz Inácio
“Lula” da Silva. Portanto, Fidel já sabia dos planos arquitetados na 19ª
Conferência do Partido Comunista e preparava terreno no Continente.
Aproveitando o poder parlamentar que tinha o Partido dos
Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel Castro, com o apoio de Luis Inácio “Lula”
da Silva, convocou os principais grupos terroristas revolucionários da América
Latina para uma reunião na cidade de São Paulo. Acudiram ao chamado de Fidel e
Lula, além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, o Exército de Libertação
Nacional (ELN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Frente
Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua, a União Revolucionária
Nacional da Guatemala (URNG), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional
(FMLN) de El Salvador, e o Partido da Revolução Democrática (PRD) do México.
O primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de
São Paulo, no período de 1 a 4 de julho de 1990. O nome “FORO DE SÃO PAULO” foi
adotado na segunda reunião realizada na cidade do México, no período de 12 a 15
de junho de 1991, quando reuniu 68 organizações de 22 países. E assim nasceu o
FORO DE SÃO PAULO. Uma coalizão de terroristas revolucionários, partidos
comunistas, partidos de esquerda, enfim, a escória do Continente latino-americano,
Caribe e América Central.
Para dirigi-lo centralizadamente, foi criado um Estado Maior
civil constituído por Fidel Castro, Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre
outros, e um Estado Maior militar, comandado também pelo próprio Fidel Castro,
além do líder sandinista Daniel Ortega e o argentino Enrique Gorriarán Merlo
[1].
Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida
uma direção que ficou composta pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da
Revolução Democrática (México), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente
Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas
(Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida
(Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos
e organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a
URNG – União Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias
organizações voltadas para a luta armada, foi admitida como membro dessa
direção.
A partir do II Encontro, realizado no México no período de
12 a 15 de junho de 1991, o FORO DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e
DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em
plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de então, a
ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE ACEITAÇÃO e
CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos
Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos respectivos
países. Tais deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas
à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo
plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e
autodeterminação. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição
da República definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida
de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou
governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da
LOPP). Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE SÃO PAULO
é letra morta.
O FORO DE SÃO PAULO foi descoberto por José Carlos Graça
Wagner, um advogado paulista e que o denunciou publicamente em 1º de setembro
de 1997, em painel realizado na Escola Superior de Guerra, que versava sobre o
tema “Movimentos Sociais e Contestação Sócio-Política – a Questão Fundiária no
Brasil”. Com a sua morte, passou a acompanhar e denunciar a formação “eixo do
mal” pelo Foro de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta, Olavo de
Carvalho, o que lhe custou o emprego no jornal “O Globo” e muitos outros
periódicos nos quais era articulista.
O FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato,
eficientemente protegido pela mídia brasileira, toda ela engajada no
esquerdismo marxista. O publico brasileiro, mais atento, somente tomou
conhecimento e muito discretamente, quase que imperceptivelmente, por ocasião
do 7º Encontro realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997. Foi apenas
uma discreta aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar por meio da
suspensão de todo e qualquer destaque que pudesse levantar suspeitas do que se
tratava esse encontro, apesar de presentes 158 delegados, 58 partidos
procedentes de 20 países, 36 organizações fraternas e cerca de 400
representantes de partidos e organizações de esquerda do continente.
No dia 2 de julho de 2005, por ocasião do XII Encontro
ocorrido em São Paulo, se comemorou os 15 anos de fundação da organização, com
discurso laudatório do presidente do Brasil cujo trecho selecionado é
reproduzido a seguir:
“Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com
os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do
movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo
para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas
entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa
convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse
de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se
candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de
ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso
continente.”
“E é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o
Foro de São Paulo, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que
foi a nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso
continente, sobretudo na nossa querida América do Sul.”
“Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio
daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15
anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se
transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós poderemos continuar
dando contribuição para outras forças políticas, em outros continentes, porque
logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para
participarem do nosso movimento, para que a gente possa transformar as nossas
convicções de relações Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa
coisa teórica.”
(Discurso de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)
A documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla
divulgação, tendo sido inicialmente publicado apenas na edição doméstica do
GRANMA, órgão oficial do Partido Comunista Cubano. Na edição internacional nada
transpirou. Mais tarde, passou a ter algum tipo de noticiário restrito em
poucos jornais de alguns países e, até numa revista editada na Argentina
chamada “América Libre”, quase de circulação interna, dirigida por Frei Betto.
O objetivo do Foro de São Paulo é implantar governos
socialistas na América Latina, via eleições “democráticas”, que mais tarde
serão convertidos em governos totalitários, a exemplo do modelo cubano em
vigor, tudo sob a falsa retórica de “democracia”, tal como eles, os comunistas
entendem. Os campos de atividade do Foro são a subversão política e social de
todo o continente latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada
brasileira em Honduras. Tudo sob a falsa retórica da “democracia”, repito.
Trata-se, portanto, de uma organização que se mantém no anonimato para que seus
projetos totalitários não sejam identificados antes que se complete o plano de
dominação e implantação do pensamento hegemônico no Brasil e no continente
Latino-americano. Para este desiderato o FORO DE SÃO PAULO conta com o apoio da
ONU e da OEA.
Desde a sua fundação, o Foro realizou quinze encontros
segundo a cronologia a seguir:
I – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 1990
II – Cidade do México (México) de 12 a 15 de junho de 1991
III – Manágua (Nicarágua) de 16 a 19 de julho de 1992
IV – Havana (Cuba) de 21 a 24 de julho de 1993
V – Montevidéu (Uruguai) de 25 a 28 de maio de 1995
VI – San Salvador (El Salvador) de 26 a 28 de julho de 1996
VII – Porto Alegre (Brasil) de 27 a 31 de julho de 1997
VIII – Cidade do México (México) novembro de 1998
IX – Manágua (Nicarágua) fevereiro de de 2000
X – Havana (Cuba) de 4 a 7 de dezembro de 2001
XI – Antigua (Guatemala) de 2 a 4 de dezembro de 2002
XII – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 2005
XIII – San Salvador (El Salvador) de 12 a 16 de janeiro de
2007
XIV – Montevidéu (Uruguai) de 23 a 25 de maio de 2008
XV – Cidade do México (México) de 20 a 23 de agosto de 2009
Como vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e
organizações de esquerda, reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas
que se definem como marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas;
Partidos Comunistas que continuam se definindo como
marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma
articulação internacional própria em 17 países; Partidos Socialistas filiados
ou não à Internacional Socialista; organizações que continuam desenvolvendo
processos de luta armada, como as FARC e ELN, na Colômbia e organizações que
participaram da luta armada e hoje atuam na legalidade, como o Movimento 19 de
Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.
Esta é, portanto, a breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO,
uma organização que os brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que
existe, e cujo objetivo maior é comprar a sua alma para vendê-la ao demônio.
[1] Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército
Revolucionário do Povo (ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria
(MTP). Gorriarán Merlo foi, também, o autor do ataque terrorista em janeiro de
1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires, no qual morreram
39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou Anastásio Somoza em
Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a máquina militar do
Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que tomou a residência do
embaixador japonês em Lima.
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